Entre os séculos XVI e XVIII, as instituições de poder político e religioso, em suas sedes e colônias mais ou menos periféricas, faziam uso das formas simbólicas de representação, como a música e as demais artes, para divulgar seus valores e princípios e mobilizar os diversos grupos sociais em favor de suas causas e projetos. Nesse contexto de fundamento cortesão, os grupos sociais se distinguiam por suas posições e funções na estrutura social, materializadas também de forma simbólica na aparência das vestes, dos gestos, feições e atitudes, e nas condições de acesso aos bens de consumo e serviços, que formavam a sensibilidade para o reconhecimento e usufruto desses mesmos símbolos e dos valores que eles representavam. Ao longo do tempo, essa sensibilidade se consolidou como um tipo válido de conhecimento, construído a partir de um tipo específico de juízo, tanto racional quanto sensível, e que foi denominado gosto. Bom ou mau, particular ou universal, o gosto não apenas definia as possibilidades de percepção e compreensão das artes, mas também suas possibilidades de produção e realização, tanto de forma velada, por meio da aceitação ou negação, quanto de forma explícita e institucionalizada, por meio da crítica.

Em 2022, o XIII Encontro de Pesquisadores em Poética Musical dos séculos XVI, XVII e XVIII – EPPM terá como tema principal de reflexão essa noção de gosto, como parâmetro racional e sensorial, regulador da produção e recepção artística desse período. A programação do evento contará com entrevistas, debates, sessões de comunicações de trabalhos acadêmicos e concertos dedicados a essa temática.